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Estudo aponta que crianças de até 2 anos não devem assistir televisão

Recentemente, uma diretriz publicada pela Academia Americana de Pediatria passou a aconselhar que pais não permitam que seus filhos de até dois anos de idade assistam programas de televisão ou até mesmo DVDs, mesmo aqueles que levam o nome de educativos. A nota foi publicada no final do ano de 2011 e explica que permitir que crianças que ainda não completaram o primeiro ciclo de infância permaneçam diante de programas e DVDs pode levar a dificuldades no aprendizado.

DVDs e programas podem prejudicar a aprendizagem

A maior associação de médicos pediatras dos Estados Unidos da América pede que em vez de deixar que crianças assistam televisão, os pais devem conversar com elas e incentivar que brinquem de maneira independente, para estimular o aprendizado e a descoberta, mas também afirma que os hábitos televisivos dos próprios pais podem ser prejudiciais à criança pois acaba interferindo na comunicação com as crianças e impedindo que haja diálogo futuro.

 

De acordo com os médicos da Academia Americana de Pediatria (AAP em inglês), o uso de DVDs e vídeos infantis para distrair as crianças pode interferir na capacidade da criança falar, atrasando todo o processo. A orientação não se estende aos conteúdos interativos, tais como jogos de videogames entre outros dispositivos, como smartphones, mas sim aos meios de comunicação cujo consumo pode ser considerado passivo, como televisores e computadores, porém esta posição, adotada por muitos pediatras ao redor do mundo, está causando controvérsia e sendo rotulada como extremista e radical demais.

Muitos pais defendem que embora os filhos assistam televisão, não irão sofrer qualquer dano por causa de programas de meia hora, o que vem causando uma grande discussão entre pais e pediatras.

O conselho não é novo e foi publicado originalmente no ano de 1999, porém sua nova versão, exposta através desta diretriz traz consigo estudos de casos e evidências do efeito potencialmente negativo que os aparelhos de comunicação possuem.

A psicologia pode explicar o motivo

Pais devem optar pro brincadeiras que estimulem o aprendizado

Segundo estudos psicológicos baseados na teoria de um dos mais expressivos psicólogos do século XX, Jean Piaget, durante a idade entre 0 e 2 anos a criança passa por uma fase chamada “psicomotora” onde tudo é caos e as coisas simplesmente aparecem ao entrar no campo de percepção, que seria o tato, a visão, o olfato e o paladar, e desaparecem ao deixarem esse campo. Tudo precisa ser aprendido, descoberto e estimulado para que haja crescimento intelectual durante essa fase, e privar as crianças de qualquer uma dessas experiências de descoberta seria prejudicial ao desenvolvimento do cérebro quanto ao acumulo de conhecimento e habilidades.

Portanto essa fase seria a mais importante para o desenvolvimento psicológico e intelectual de todo ser humano, seguida pela fase que Piaget chamou de pré-operatório, onde todo o conhecimento adquirido começa a ganhar forma, e por tanto, tudo aquilo que é estimulado até os 2 anos passa a se mostrar de maneira mais expressiva após essa idade.

Exposição a DVDs mesmo educativos pode prejudicar o desenvolvimento da criança

A Academia Americana de Pediatria convocou diversos especialistas para abordar o uso da tecnologia para a educação e entretenimento de crianças. Ressaltando o nível de distração que toma conta da mente dos adultos quando a televisão está ligada e que o dano é ainda maior para quem está descobrindo o mundo. Organizando o conhecimento no cérebro.
Os estudos citados na diretriz apontam que os pais interagem menos com seus filhos quando o aparelho de televisão está ligado, e que qualquer criança que brinque diante dele olhará para o aparelho pelo menos três vezes por minuto caso esteja ligado. O pediatra Ari Brown afirma que “quando a televisão está ligada, os pais falam menos com seus filhos. Há evidência científica que mostra que quanto menos tempo se dedica a uma criança, mais pobre é sua linguagem”.

Segundo a Academia, nem mesmo os vídeos chamados de educativos se salvam, pois crianças entre 0 e 2 anos são incapazes de distinguir as imagens que são passadas na televisão, e acabam apenas se distraindo sem qualquer beneficio educacional.

Um espaço para brincadeira livre é mais valioso que qualquer meio de comunicação, tenha ele cunho educativo ou não, é o que conclui a AAP.

A Diretriz e o mundo real

“A televisão ligada diminui o diálogo da família, reduz o contato físico e visual mesmo entre adultos” Afirma Maria Cecília, adepta da diretriz da AAP

O conflito entre o conselho que vem sido repassado por diversos pediatras e os pais que consideram a diretriz radical demais vem gerando grande polêmica, uma vez que o controle parece ser a grande preocupação da grande maioria dos pais que se diz contra extremismos.

Embora a questão de como distrair seus filhos sem o auxilio da televisão seja levantado e muitos pais defendam que o uso moderado não cause mal, há quem seja a favor da diretriz. Como a advogada Maria Cecília Cury Chaddad que prefere seguir os conselhos médicos quanto a criação dos filhos Maria Carolina de 2 anos e Rafael de quatro meses. Adepta da diretriz dada pela AAP, ela afirma que “a televisão ligada diminui o diálogo da família, reduz o contato físico e visual mesmo entre adultos. Com as crianças, esse fato parece muito mais relevante, pois elas aprendem justamente interagindo com outras pessoas”. Embora o posicionamento lhe renda a fama de radical Maria Cecília não pretende abrir mão desta atitude. “Escuto muitos comentários como ‘se não pode ver televisão, o que fazer com as crianças durante o dia?’. Dá mais trabalho, mas interagir com elas é o que se faz. Ler livros, brincar com fantoches, pintar, brincar com massinha, ouvir música e tantas outras atividades podem ser realizadas na companhia dos filhos”.

A importância de atividades que estimulem a inteligência psicomotora e cognitiva da criança durante a primeira infância é essencial, mas esse radicalismo deve ser realmente seguido? É possível para a mulher moderna criar seus filhos sem o auxilio dessas chamadas babás eletrônicas? Vale a pena gastar um pouco mais de tempo investindo no desenvolvimento dos filhos? Essas são questões que devem ser levantadas quando o assunto é a criação dos filhos no século 21. Talvez olhar para trás alguns anos, quando essa não era uma opção existente, observando e analisando como as crianças se desenvolviam, e para os dias atuais seja a alternativa para tomar a melhor decisão. Mas no final das contas, quem decide são os pais.

 

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