Todas as mulheres sabem a importância de se visitar o ginecologista pelo menos uma vez a cada seis meses e fazer todos os exames preventivos. Mas os médicos reclamam que as pacientes chegam ao consultório e omitem ou mentem sobre informações importantes. Isso é um problema para a própria paciente, pois atrapalha um diagnóstico preciso.
“Todos os dados passados ao médico são de extrema importância para a elaboração de um diagnóstico correto e um tratamento adequado”, ressalta o ginecologista e obstetra Domingos Mantelli Borges Filho.
Essas mentiras ou omissões ocorrem, muitas vezes, por medo de levar uma bronca ou por vergonha de perguntar algo. Mas as consequências são graves. Por isso, é muito importante ter total confiança no médico para evitar essa autossabotagem, pois é a sua própria saúde que poderá estar em risco.
O ginecologista listou algumas dessas mentiras que prejudicam a relação médico-paciente:
1 – Pacientes que dizem não ser fumantes. Isso pode ser prejudicial, pois algumas medicações não podem ser receitadas para fumantes, como os anticoncepcionais. Em fumantes, eles podem aumentar a chance de desenvolver trombose venosa profunda, além de oferecer complicações em atos cirúrgicos.
2 – Afirmar que tomou a medicação seguindo as orientações médicas, mas não teve melhora. Isso faz com que o médico entenda que a medicação receitada foi ineficaz. Daí, ele receita uma nova droga que poderá ser tomada de forma errada novamente gerando diagnósticos incorretos.
3 – Alegar que sempre usa o preservativo. Além de ser muito perigoso, não se proteger em todas as relações e dizer o contrário faz com que o médico descarte alguns diagnósticos importantes como gravidez ou doença sexualmente transmissível (DST).
É preciso dar muita atenção a esse ponto, porque as mulheres são mais vulneráveis às DSTs do que os homens. “A anatomia feminina é um receptáculo, a vagina é mais úmida que o pênis. A uretra feminina também é mais curta, o que facilita a entrada de germes, além de ser próxima a duas cavidades, o ânus e a vagina”, explica o presidente da Sociedade Cearense de Ginecologia e Obstetrícia, Fernando Aguiar.
O ginecologista Frederico Perboyre acrescenta que a higiene do pênis também se torna mais fácil por ser um órgão exteriorizado. E o ginecologista Sérgio dos Passos Ramos considera que a mulher transmite mais que o homem as DSTs por não fazer facilmente o diagnóstico. “No homem, a maioria dos problemas se manifesta claramente e ele logo identifica. Na mulher, podem ficar mais escondidos.”
As DSTs são transmitidas por meio do contato sexual, que não se resume à penetração do pênis na vagina. De acordo com o ginecologista Sérgio dos Passos Ramos, essas doenças podem ser transmitidas em todo o contato do pênis com a vagina, com a vulva (parte externa da vagina), com o ânus ou com a boca. Portanto, não é necessária ejaculação para contaminação por vírus e bactérias. Qualquer contato sexual pode transmitir doenças como AIDS e HPV. Daí a importância do preservativo em toda relação sexual.
4 – Dizer que nunca teve uma doença sexualmente transmissível. Isso pode acontecer por vergonha de relatar o problema, mas é algo que sempre deve ser revelado ao médico. Pois ele poderá orientar sobre prevenção e tratamento. Além disso, terá condições de fazer um diagnóstico mais elaborado.
5 – Afirmar que não toma nenhum remédio. É comum, algumas pacientes não contarem que estão tomando medicamento para emagrecer, por exemplo, e isso pode ser prejudicial se o médico receitar algum outro medicamento incompatível com o que já está sendo ingerido.
6 – O álcool social em excesso. Se a mulher estiver ingerindo bebida alcoólica frequentemente poderá comprometer a metabolização de algumas drogas, inclusive, os anticoncepcionais. E isso irá interferir no método contraceptivo e nos tratamentos indicados pelo especialista.
7 – A monogamia de relações não estáveis. Há mulheres que se sentem acanhadas em confessar que mantém relação sexual com mais de um parceiro. No entanto, o médico precisa ser informado sobre tal atitude para realizar diagnóstico correto e indicar prevenções e profilaxias adequadas para cada caso.
8 – O histórico familiar não pode ser esquecido. Omitir sobre o histórico familiar de doenças pode interferir de maneira negativa no diagnóstico adequado, afinal muitas doenças têm um forte fator genético ou congênito agregados.
9 – O tabu da pílula do dia seguinte. Este é um tipo de mentira que pode confundir o médico na hora de elaborar um diagnóstico adequado, pois a pílula do dia seguinte pode causar uma série de alterações indesejadas no ciclo menstrual.
10 – Não assumir os corrimentos vaginais. Eles podem ser um sinal de que algum probleminha está acontecendo, portanto precisa ser investigado e tratado. Pode ser algo simples, uma alergia ou uma bactéria, mas também pode indicar um mioma, uma inflamação local, uma endometriose e até mesmo um câncer de colo de útero em desenvolvimento.
Cuidados Femininos
Além de ser 100% honesta com seu médico, aproveite para tirar qualquer dúvida que você tenha. A sua saúde está em primeiro lugar. Um dos principais cuidados que as mulheres devem ter é em relação ao câncer de mama. Veja alguns mitos e riscos incertos das causas do câncer de mama.
Agrotóxicos nos alimentos: os médicos dizem que não há associação comprovada entre o uso de agrotóxicos e o câncer de mama. Assim como não existe uma relação comprovada entre o câncer de mama e o hábito de fumar, mas como o fumo está associado a uma série de outros cânceres (pulmão, boca, pâncreas, bexiga, etc.), problemas cardíacos e derrames, o ideal é procurar um serviço especializado e largar o cigarro.
Uso de antitranspirantes e uso de sutiãs com suporte metálico: quem nunca recebeu uma corrente disparada pela internet dizendo que o uso de antitranspirantes causa câncer de mama? Ou que os sutiãs com suportes metálicos aumentam as chances de desenvolver a doença? Calma, nada disso foi comprovado cientificamente. Até hoje, não existem evidências de que desodorantes e sutiãs causem câncer de mama.
Aborto: a ideia de que o aborto aumenta o risco de câncer de mama é propagada aos quatro cantos do planeta, principalmente pelos ativistas contrários ao procedimento. Mas nem por isso transforma o mito em verdade. Nem os abortos voluntários nem os espontâneos elevam o risco de ter câncer de mama.
Implantes de silicone: os implantes de silicone formam uma cicatriz na mama e podem dificultar a detecção precoce do tumor, bem como a visualização do tecido mamário nas incidências padrões da mamografia. Mas não há qualquer evidência de que eles aumentem o risco de câncer.