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Os Encoxadores e a Campanha “Eu não mereço ser estuprada”

Muito tem se falado nos últimos dias sobre a defesa e proteção da mulher contra a violência e o assédio masculino. A questão dos encoxadores nos metrôs já era polêmica a mais de um mês e muitas mulheres já foram assediadas indo ou voltando do trabalho por esse tipo de gente. Segundo os especialistas, eles possuem uma forma de pensar muito parecida com a dos pedófilos e se sentem no direito de fazer o que fazem. O Ministério Público já vem investigando as denúncias mas é bastante difícil identificar quem faz o que dentro de um vagão de metrô que só anda constantemente em super lotação.

O que são eles

Os homens que se autointitulam “Os Encoxadores” e possuem até página na internet onde incitam outros homens a fazerem o mesmo nos vagões no metrô. Eles se aproveitam do fato de ter muitas pessoas e que todas elas precisam se espremer entre si para conseguir uma vaga lá dentro. Durante o trajeto o assédio começa e eles começam a fazer atos covardes como passar a mão das coxas ou apalpar a bunda das passageiras, algo asqueroso e revoltante para toda a sociedade. O pior caso foi quando um homem fingiu estar com uma faca, obrigou um dos passageiros a baixar as calças e ejaculou em cima dele. Ele foi espancado por todos os outros passageiros até a chegada da polícia e quando chegou a delegacia afirmou que visitava a página dos encoxadores na internet.

Homem abraçando mulher por trás – Foto: Freepik

Eles sentem-se legitimados a praticar os delitos e ganham apoio das páginas da internet onde se unem para discutir em fóruns e marcar o local e a hora para cometer o delito como os abusos físicos e filmar partes íntimas de mulheres que estão de saia ou vestido. Eles usam nomes diferentes, não mostram o rosto e até discutem qual é o melhor equipamento para fazer as filmagens. Todos eles encaram isso como um esporte onde ganha aquele que conseguir fazer o melhor vídeo. Recentemente, um homem foi preso pelos seguranças da estação de metrô por estar filmando partes íntimas das mulheres e ao chegar na delegacia para prestar depoimento, declaro que sente uma “tara” em assistir esse tipo de vídeo e compartilhá-lo na internet.

A lei

Para quem não sabe, esse tipo de comportamento está previsto no nosso código penal e dois encoxadores estão presos: um indiciado por estupro e o outro por violação sexual mediante fraude. Mas a lei ainda é fraca quanto a esses delitos. O crime a afiançável e a multa estabelecida pelo juiz varia de acordo com a renda do indivíduo. Eles pagam a fiança e voltam para as ruas inibindo as mulheres de irem para o trabalho em paz.

Segundo os psicólogos esse tipo de comportamento é uma doença e até existe um nome para isso: frotteurismo. É quando a pessoa sente prazer em esfregar suas genitais em outra, ainda que esta esteja vestida. É o momento em que ele fantasia estar, de forma exclusiva, em um relacionamento com a vítima. Alguns estudiosos ainda vão mais além e que os encoxadores sentem prazer em constranger a vítima e lhes causar sofrimento. São sádicos e manipuladores e não sentem nenhuma culpa pelo que fazem já que são frios e calculam cada passo do delito pelas páginas da internet.

Medidas tomadas

A polícia civil e a equipe de segurança do metrô já estou tomando as suas medidas. Alguns policias e seguranças, não fardados, entram nos vagões e ficam a paisana, apenas observando. Um outro colega que está de olho nas câmeras avisa pelo rádio se perceber alguém suspeito. Se surgir algum desvio de conduta, os seguranças que são treinados em artes marciais, imobilizam o agressor e chama a polícia. Desde que a polícia e o metrô intensificaram a fiscalização, sete páginas saíram do ar pelo Google e pelo Facebook e 27 pessoas já foram presas. Nas redes sociais, o governo pede para que as vítimas não se intimidem e denunciem qualquer tipo de abuso.

Em protesto feminista, as mulheres resolveram tomar as suas próprias medidas tomando como base o direito de autodefesa que todas nós temos assegurado pela Constituição Federal e começaram a distribuir alfinetes dentro de saquinhos com as palavras: “Não me encoxa que eu não te furo”. Foi a única forma que elas conseguiram encontrar para enfrentar esse tipo de comportamento desprezível. Afinal de contas, já que o governo não toma providências para melhorar o transporte público e disponibiliza mais vagões para os passageiros, é preciso tomar as próprias medidas.

Assedio de um chefe com sua secretaria – Foto: Freepik

Recentemente, uma pesquisa do Ipea deixou todas as mulheres bastante revoltadas: a pesquisa afirmou que 65% dos entrevistados afirmaram que mulheres usando roupa curta merecem ser estrupadas. Depois da divulgação desses dados, outra campanha criada pelo público feminino virou febre nas redes sociais com a frase “eu não mereço ser estuprada”. Mas, no dia 4 de março o Ipea voltou atrás na sua pesquisa e divulgou novos números, reduzindo de 65% para 26%. Será que esses dados são verdadeiros ou há algum tipo de pressionamento da mídia e do governo para encobrir a triste cultura do nosso país? Só o tempo dirá.

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