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Síndrome de Becky Bloom: Quando comprar se torna doença

Já ouviu falar de Oniomania? O nome pode ser complicado, ou até mesmo engraçado, mas este é assim que se chama uma doença conhecida popularmente como compulsão por compras.

 

O assunto já foi tema de livros médicos e uma comédia romântica chamada “Confessions of a Shopaholic” (Confissões de uma viciada em compras) que foi transformado em filme, ganhando o nome brasileiro de “Delírios de consumo de Becky Bloom”, tanto o livro, quando o filme contam a história de uma mulher que é compradora compulsiva, chegando a dever em faturas de cartões de crédito mais de dez vezes o seu salário. Devido ao sucesso desta comédia romântica, a oniomania acabou recebendo o apelido de Síndrome ou Complexo de Becky Bloom.

 

 

Pode parecer irreal ou distante, mas existem compradores compulsivos por todas as partes e é tratado como um,  assim como o alcoolismo. O desejo de gastar é incontrolável, da mesma forma que um dependente químico sente compulsão em se drogar, mas da mesma forma que outras dependências, a compulsão por comprar possui tratamento que inclui acompanhamento psicológico e medicação. Porém é importante e essencial que a pessoa reconheça que está doente e precisa de ajuda.

Consumidores compulsivos: como identificar

Os fatores que levam pessoas comuns a se tornarem compradores compulsivos são muitos, tem quem compre para obter status, necessidade, modismo ou simplesmente pelo prazer de comprar. Afinal não tem sensação igual à de comprar aquele sapato ou bolsa que tanto queremos. Certo?

 

Comprar não é problema, o problema é quando esse desejo por compras se torna uma doença, um fator patológico em nossas vidas. Não queremos comprar para ter, queremos comprar para comprar. Segundo alguns estudos publicados pela USP, o percentual da população brasileira que sofre deste problema chega a somar 3%. Pode parecer pouco, mas quando se tem mais de 190 milhões de habitantes, 3% se torna um número com muitos zeros.

 

Essa doença que aflige tantos brasileiros é caracterizada como um transtorno de personalidade e mental, e fica classificado dentro dos transtornos do impulso, são os chamados “obsessivo-compulsivos”. “A pessoa não consegue resistir e enquanto não compra, fica irritada, com as mãos suadas, se sentindo ansiosa, com taquicardia. Ao realizar a compra sente-se aliviada e logo depois arrependida e culpada por ter comprado mais do que precisava, ou objetos desnecessários”, explica a psicóloga Tatiana Zambrano Filomensky que é membro do Ambulatório do Jogo Patológico e Outros Transtornos do Impulso da USP (AMJO – USP).

 

Outro dado importante é que essa doença afeta muito mais mulheres do que homens e, segundo aponta o neuropsicólogo Daniel Fuentes, coordenador da AMJO-USP, todas possuem um temperamento marcante e forte, são desenvoltas, ágeis, dinâmicas, perfeccionistas além de possuírem grande desenvoltura social e cultural. Além disso, ele as classifica como imediatistas e muito inteligentes.

A oniomania pode gerar muitos problemas, já que os compulsivos acabam atraindo dívidas que chegam a até mesmo dez vezes sua renda mensal, existem casos de mulheres que gastam seu salário inteiro em um par de sapatos, e quando afastadas de qualquer forma de crédito, impossibilitadas de comprar, algumas mulheres chegam ao extremo de roubar em lojas, aplicar golpes, passar cheques sem fundo ou até mesmo pedir dinheiro emprestado para quitar suas dívidas, adquiridas por causa dessa compulsão. Essas reações não demonstram falta de caráter, mas podem ser consideradas como sintomas de uma doença psicológica grave.

 

Geralmente, viciados em compras procuram por tratamento por acabarem influenciando negativamente a vida de parentes e amigos.

Na opinião de Fuentes, existe a possibilidade de que a doença esteja associada a transtornos de humor e de ansiedade, dependência de substancias psicoativas (tais como álcool, tóxicos ou remédios), transtornos alimentares como bulimia ou anorexia e controles de impulsos. A compulsão por compras também aparece como uma forma de aliviar sentimentos de frustração, vazio, solidão, tristeza e depressão, um desejo de possuir, de poder ter e que geralmente fica reprimido. Ao não conseguir ter seus desejos atendidos o indivíduo acaba sofrendo uma grande pressão interna e essa pressão leva à necessidade de possuir coisas novas como a única forma de prazer e assim tenta preencher o “buraco” deixado por problemas do dia a dia.

 

Ainda não existe uma explicação para que a “Síndrome de Becky Bloom” seja mais comum em mulheres do que em homens, mas acredita-se que seja por uma questão social e cultural.

Assumindo o problema

O primeiro passo para a recuperação de um comprador compulsivo, assim como para qualquer outro dependente, é assumir que existe um problema e que precisa de ajuda. Geralmente a doença aparece por volta dos 18 anos de idade, porém acaba passando despercebida devido às questões culturais, sendo percebido apenas dez anos mais tarde, ou mais. Apenas quando a pessoa já está afundada em dívidas. Algumas pessoas passam anos comprando e adquirindo dividas que ultrapassam dez vezes sua renda até perceberem que isso não é um prazer, mas uma doença.

 

Os viciados em compras geralmente só chegam a procurar ajuda quando sua situação financeira, ou a da família como um todo, atinge um nível crítico e insustentável.

Segundo os especialistas do AMJO-USP, existe tratamento para a oniomania, mas não uma medicação especifica, que combata o desejo compulsivo de comprar, por isso geralmente são receitados antiansioliticos (remédios que combatem a ansiedade). Porém por serem remédios de uso controlado, essa parte do tratamento só pode ser adquirida através de ajuda psicológica, como grupos de psicoterapia e consultas regulares a um psiquiatra.

 

Além disso ainda existem grupos de auto-ajuda que podem facilitar o tratamento. Um desses grupos é o DA – Devedores Anônimos, onde se pode contar com o auxilio de quem está tentando combater o vício, além de especialistas dedicados ao problema da compulsão de compras especificamente.
O grupo dos Devedores Anônimos existe desde o ano de 1997 e presta assistência em São Paulo, Paraná, Ceará e Rio de Janeiro, devendo chegar a Minas Gerais e Bahia em breve. Os encontros são semanais e duram aproximadamente duas horas.

 

Para maiores informações sobre os locais de reunião do DA – Devedores Anônimos basta acessar ao link: www.devedoresanonimos-sp.com.br, você encontra informação de locais e horários das reuniões, que costumam ocorrer aos sábados.

Como saber se sou é uma compradora compulsiva

Para saber se você tem alguma chance de você sofrer de oniomania, ou “Síndrome de Becky Bloom” basta responder a algumas perguntas:

1 – Não resiste ao impulso de comprar?

2 – Gasta mais que o planejado e se prejudica financeiramente?

3 – Sua necessidade de comprar impede ou prejudica seus planos de vida e das pessoas à sua volta?

4 – Precisa efetuar a compra de qualquer forma, independente do produto comprado?

5 – Percebe que está comprando coisas que não usa ou usa muito pouco?

6 – Costuma assumir dívidas acima de cinco vezes o valor de sua renda mensal?

 

Se grande parte das respostas tiver sido positiva, então você possui problemas com compras, porém o diagnóstico só pode ser dado através de entrevistas e consultas com profissionais da área. Estes são os sintomas mais comuns apresentados pelos compradores compulsivos e podem indicar uma provável compulsão por compras.

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