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A cura gay existe? Saiba um pouco mais sobre o tema

LGBT

Na terceira semana de setembro, uma decisão judicial beneficiou os que acreditam em “cura gay”. Isso afetou os direitos dos homossexuais no país.

A Justiça Federal do Distrito Federal emitiu liminar para que psicólogos possam tratar a homossexualidade como doença.

Assim, homens e mulheres com orientação homoafetiva podem fazer terapias chamadas de “reversão sexual”. Profissionais da psicologia podem realizar esses tratamentos sem serem repreendidos pelos Conselho Federal de Psicologia (CFP).

A decisão judicial é considerada descabida. Desde 1990 a homossexualidade deixou de ser considerada doença pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Isso não vai obrigar que pessoas sejam submetidas ao tratamento. Porém, afeta de forma nacional o entendimento sobre o que é essa prática de “cura gay”. A decisão é de responsabilidade do juiz Waldemar Cláudio de Carvalho.

A liminar foi pedida por uma ação popular que quer a suspensão da resolução 01/1999. Ela proíbe há 18 anos que psicólogos façam as terapias de reversão no Brasil.

Na prática, a partir de agora se uma pessoa quiser se submeter a um tratamento psicológico com a intenção de se “curar”, ela pode, sem problemas.

Porém, isso pode levar pais e responsáveis a obrigarem adolescentes e jovens ainda não emancipados a serem submetidos a tratamentos que nada têm de saudáveis.

Esses tratamentos não têm embasamento científico. Como já exposto, é de conhecimento geral que a ciência não considera a homossexualidade uma doença.

Portanto, psicólogos podem oferecer o tratamento, mas estarão contrariando tudo o que se sabe sobre orientação sexual.

Um pouco de história

Em 1952, a Associação Americana de Psiquiatria divulgou que considerava a homossexualidade uma desordem. Porém, nunca conseguiu-se comprovar essa afirmação com estudos e pesquisas.

Em 1973, a mesma associação revogou a afirmação, justamente por não ter embasamento.

Antes mesmo da OMS retirar a homossexualidade da lista de doenças, o Brasil saiu na frente. O Conselho Federal de Psicologia não considera a orientação uma doença desde 1985.

Alguns fatos sobre homossexualidade e cura gay

Entende-se a homossexualidade como orientação, ou seja, uma construção que resulta de variáveis combinadas no desenvolvimento do ser humano.

Uma pessoa não escolhe ser heterossexual, gay, lésbica ou bissexual. Por isso falar em “opção” também é um equívoco.

Uma pessoa heterossexual não é obrigada a expor sua vida privada a ninguém. Uma pessoa homossexual também não.

A homossexualidade não define personalidade. Homossexuais podem ser tímidos, discretos, organizados, conservadores e honestos.

Heterossexuais podem ser escandalosos, usar roupas coloridas, aplicar golpes, serem promíscuos e pouco confiáveis. Nenhuma dessas características é influenciada pela orientação sexual.

Não sendo doença, a homossexualidade não pode ser curada. Tratamentos de reversão foram aplicados em diversos países e facilmente descambavam para a tortura psicológica e física.

Os sobreviventes (sim, muitos morreram) relatam depressão, baixa auto-estima, tendências suicidas e paranoia como algumas das sequelas desses tratamentos.

Acolher um adolescente homossexual ao invés de acusá-lo de estar doente é de grande ajuda. Obrigá-lo a passar por tratamentos sem base científica é uma forma de prejudicar esse jovem. Dificilmente ele vai se desenvolver mais feliz, confiante e realizado.

Falar com crianças sobre os diferentes tipos de relacionamento não vai influenciá-las nem a serem gays, nem a serem hetero.

Reforçar que o amor e o respeito devem existir em qualquer forma de relacionamento é uma boa forma de ajudar a criança a se desenvolver como um indivíduo capaz de empatia e acolhimento.

Livros religiosos como a Bíblia defendem diversas práticas que não consideramos possíveis hoje. A escravidão, por exemplo, ou a proibição das tatuagens. Por isso não podem ser levados à risca.

Quer saber mais sobre como ajudar no desenvolvimento das crianças e adolescentes? Veja nossa matéria sobre como os pais podem prejudicar o desenvolvimento dos filhos.

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