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Mulheres e o Assédio nas Ruas

Você acorda, toma um bom banho, um belo café da manhã, se arruma e sai de casa se sentindo linda e poderosa até se deparar com o primeiro idiota na rua que grita do outro lado: “gostosa!”, “ê lá em casa” e toda a outra sorte de comentários que prefiro não citar aqui por serem palavras de baixo calão. A única coisa que você quer é chegar ao seu destino em paz e tranquila, mas nem todos os mantras existentes na face da terra conseguem manter o seu equilíbrio frente a tal agressão.

Mulher com mão de “pare” estendida. Foto: Freepik

Assédio

Esse não é um termo não é estranho, principalmente para as mulheres e durante anos vêm sofrendo desse mal. O machismo espalhado é todo mundo é um dos grandes culpados por isso ter se tornado um problema tão grande e sem limites.  As leis são muito brandas e as delegacias, em sua maioria, são comandadas por homens que não entendem a gravidade do problema e tratam o assunto como um problema insignificante.

Normalmente, o termo é utilizado no ambiente corporativo, no qual um indivíduo hierarquicamente superior intimida um subordinado (pode ser o contrário também) realiza uma coerção ou ameaça de caráter sexual. Isso acontece normalmente de um homem para uma mulher e a lei é bem clara quanto ao assunto na lei 10224 de 15 de maio de 2011: “Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente de sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao exercício do emprego, cargo ou função.”

Estatísticas do Assédio

A maioria das mulheres se sentem intimidadas de discutir nas ruas com o agente e muitas ficam com medo de serem agredidas fisicamente caso decidam revidar o insulto. Por causa disso, alguns homens acham que as mulheres gostam das cantadas e outros fazem isso para se sentirem superiores e “machões” em um grupo de amigos. Os números não mentem e para os que acham que esse tipo de comportamento é um elogio, prestem atenção.

Uma enquete virtual resolveu tirar a prova e realizou uma pesquisa entre diversas mulheres. Foram 7.762 participantes e apenas 17% delas consideraram esse tipo de assédio como algo positivo, os outros enormes 83% das mulheres confessaram que já deixaram de fazer alguma coisa por causa do assédio. 81% das mulheres afirmaram que já deixaram de passar por alguma rua ou passar em frente a alguma obra para evitar o assédio.

Mulher com mão de “pare” estendida. Foto: Freepik

Grupos online

Frente a tudo isso a indignação das mulheres para com esses acontecimentos vêm crescendo a cada dia e hoje é possível encontrar grupos na internet com discussões que tratam desse assunto de forma aberta. É um espaço para conversa não apenas entre mulheres, mas entre homens que são a favor da causa e você também pode aproveitar para dar o seu depoimento e desabafar.

Think Olga

A jornalista Juliana Faria colocou a mão na massa e resolveu criar um site onde trata de assuntos femininos chamado Think Olga. Lá o tema é abordado de maneira aberta e todos podem participar seja com comentários ou enviando depoimentos. O projeto conta com 30 mulheres e 2 homens e juntos montaram a companha Chega de Fiu Fiu. No site é possível encontrar o resultado completo da pesquisa online realizada.

Grupos fora do Brasil

Não pensem que isso acontece apenas no nosso país. Pelo muito afora, milhares de mulheres sofrem com esse tipo de comportamento masculino e em países como Índia e Egito o índice de assédio é enorme. Lá, as mulheres sofrem grande violência moral, verbal e física e não recebem o seu devido valor como seres humanos. Lá também existem leis contra esse tipo de situação, mas na maioria das vezes a mulher é considerada culpada pelo assédio por ter tipo um comportamento “inadequado” na visão machista.

Hollaback

Emily May é a criadora do grupo Hollaback em Nova York. Ela tomou a iniciativa depois que chegou á cidade com 18 anos e era assediada diariamente. Ela já estava cansada de passar por esse tipo de abuso todos os dias, mas não sabia o que podia fazer. Ela achava que isso era coisa de cidade grande, mas sua ideia mudou quando conversou sobre o assunto com alguns homens, amigos seus, e eles acharam tudo aquilo um absurdo.

Depois de muitas reuniões em grupo, May mais 6 amigos (3 deles são homens) resolveram abrir um pequeno escritório no Brooklyn e com o orçamento apertado fundaram a organização. O ideia cresceu tanto que hoje, a Hollaback já conta com afiliados de 25 países, 62 cidades e o trabalho é feito em 12 idiomas.

Passar por esse transtorno todos os dias é estressante e uma falta de respeito. É uma invasão de privacidade tamanha e vai contra todos os direitos constitucionais adquiridos legalmente por qualquer indivíduo. O maior absurdo de todos é quando ouço mulheres falando que quem usar roupa curta ou colada está pedindo para ser assediada e até mesmo estuprada. Infelizmente, há muitas e muitos que pensam dessa maneira e não conseguem ter uma mente mais aberta para encarar o real problema da cultura que se formou no mundo a respeito da mulher. Você não precisa ficar calada e nem mudar de calçada, erga a cabeça e siga em frente.

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